Teima em não sair das notícias o tema da ciclabilidade de Lisboa – e as suas consequências para a cidade, sobretudo ao nível do trânsito e do estacionamento.
A notícia do dia é da agência Lusa e diz que, no Bairro Azul, um terreno que servia de estacionamento para algumas centenas de automóveis irá ser transformado numa ciclovia, que fará parte do já aqui falado “corredor verde da cidade”, que ligará Monsanto ao Parque Eduardo VII.
Ouvidos pela agência Lusa, alguns moradores e trabalhadores da zona do Bairro Azul dizem que esta ciclovia irá provocar mudanças no seu dia-a-dia. Está familiarizado com este caso específico? Quer comentar?
O tema da ciclabilidade em Lisboa – ou alegada falta dela – é, de resto, um dos tópicos mais comentados neste blog. Foi para isso também que este blog foi criado, para discutir a cidade de Lisboa e encontrar fórmulas para melhorá-la.
Recorde-se que a Visão apelidou este tema, há duas semanas, de “O fim do mito alfacinha”. Mas há quem não concorde. “Que tal subir a Avenida da Liberdade em bicicleta, ou mesmo [fazer] uma visita aos bairros tradicionais (Bairro Alto, Mouraria, Graça)?”, afirmou, neste blog, C.Oliveira.
Uma visão prontamente contra-argumentada por vários leitores do LXsustentável, que explicam, inclusive, como se pode começar a utilizar a bicicleta em zonas de Lisboa que, à partida, podiam parecer menos propícias a este meio de transporte. E, sobretudo, a ganhar confiança com o trânsito (e com as subidas).
Veja os comentários antigos aqui. E, já agora, se ainda não o fez, deixe-nos a sua opinião sobre este tema – e o caso específico do Bairro Azul.
De Carlos Figueira a 31 de Agosto de 2009 às 17:23
A mobilidade urbana é um problema que tem que ser entendido como existente e a agravar-se. A não se fazer nada o número de veículos que circulam na cidade, com ou sem ciclovias, atrapalhar-se-à o suficiente para necessitarem os seus condutores de grandes doses de paciência e de tempo para manterem o hábito da condução automóvel na cidade.
Sou, portanto, a favor de tudo o que apelar ao bom senso e às alternativas de mobilidade urbana.
Sou condutor de um veículo automóvel com o qual de manhã deixo a descendência na escola e com o qual vou ao supermercado ao fim de semana fazer as compras "pesadas". De resto, sou condutor de um motociclo para as restantes deslocações na cidade. Os ganhos que com isso consigo em matéria de tempo e dinheiro são visíveis. Questões como filas e estacionamento deixaram de ser problema.
Percebi também que Lisboa tem um número incrivelmente elevado de dias sem chuva, muito maior do que à partida o vulgar cidadão pode pensar que tem.
Por outro lado a questão ambiental: a alternativa que conduzo agora, uma Piaggio MP3 250 (com duas rodas dianteiras) faz um consumo de 3,5 litros aos 100 quilómetros, desde logo com uma emissão de CO2 bastante mais reduzida do que conseguiria com o meu todo-o-terreno.
Melhor mesmo seria ter condições para poder utilizar com mais frequência a bicicleta. Do que já visitei pelo mundo fiquei sempre com a ideia de que os países desenvolvidos há muito que utilizam a ferrovia entre as principais cidades e a bicicleta dentro das cidades. É saudável e não poluente. Mas nós continuamos a preferir o carro.
É certo que Lisboa tem elevações que dificultam a mobilidade em bicicleta. Mas também é verdade que a maioria das pessoas que dizem isso andam na cidade com bicicletas de montanha. Na verdade o meu carro também é um todo-o-terreno... escusadamente. Se preferirmos aquirir para andar na cidade bicicletas de estrada, as subidas parecem-nos menores. Por outro lado, para que as pessoas adiram à bicicleta é ainda necessário terem a confiança que não vão ser atropeladas e para isso a criação de canais de ciclovia é imperativa. Claro que no início são os carrinhos de bebé que aí circularão, mas com o desenvolvimento de uma consciencialização para a bicicleta, naturalmente estas vias serão utilizadas e respeitadas por todos para o seu real objectivo que é a circulação em condições de segurança para todos de bicicletas. Por último, há que incentivar e deixar a cidade adaptar-se. Havendo ciclovias, haverá mais ciclistas e havendo mais ciclistas haverá mais ciclovias e haverá mais alternativas para a bicicleta, como por exemplo a recente iniciativa da Carris em que em algumas carreiras abriu as portas dos auto-carros a bicicletas. Há muito que vejo isso nas capitais europeias de referência em auto-carros e metropolitano.
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