Os responsáveis pela cidade canadiana de Vancouver, que este mês vai receber os Jogos Olímpicos de Inverno, consideram o ambiente o terceiro vértice do evento, a seguir ao desporto e à cultura. Mas será mesmo? O leitor decidirá.
O artigo em que baseamos este post foi publicado pela BBC e tem como ponto de partida a sustentabilidade ambiental dos Jogos Olímpicos de Inverno.
Assim, e apesar de toda a logística decorrente da organização de um evento deste calibre, como a construção de edifícios, das aldeias olímpicas, estádios ou outros complexos desportivos e, sobretudo, a deslocação de atletas de todos os pontos do globo, Vancouver diz que estes serão os primeiros Jogos Olímpicos onde a sustentabilidade foi pensada de forma estratégica.
Segundo Linda Coady, que pertence ao comité organizador de Vancouver 2010, este jogos serão “bastante verdes”.
Os argumentos? Os 1.100 apartamentos construídos de raiz – assim como os novos espaços comerciais e restaurantes à disposição dos atletas – serão vendidos no pós-Jogos Olímpicos, passando a albergar cerca de 3.000 habitantes. Será isto suficiente?
Por outro lado, cerca de 85% de todos os resíduos utilizados no evento serão reciclados. E esta percentagem já foi maior – 100% - mas as expectativas foram baixadas nos últimos dias.
Em relação às emissões de carbono – que deverão aumentar em cerca de 300 mil toneladas durante os jogos – elas serão compensadas. Pelo menos é o que diz a organização.
Mas, como em tudo, há quem critique os planos sustentáveis da organização. Confrontado pela BBC, o cientista e activista ambiental canadiano David Suzuki diz-se “muito desapontado” com as estratégias de sustentabilidade de Vancouver.
“A organização apenas irá compensar 110 mil toneladas [de emissões de CO2]. Já disseram que não iriam responsabilizar-se pelas restantes 190 mil toneladas, que incluem as viagens dos espectadores e outras eventuais emissões até ao final dos jogos”, referiu Suzuki.
Paralelamente, o activista explica que o total do orçamento para a sustentabilidade é cerca de 11,1 milhões de euros – de um total de 1,2 mil milhões de euros – e nem chega a metade do orçamento para a arte e cultura durante os jogos.
Outra das críticas de David Suzuki tem a ver com os transportes postos à disposição durante o evento. A organização escolheu autocarros a hidrogénio como parte da frota de veículos, mas este são “uma distracção cara e não provada daquilo que verdadeiramente precisamos atingir na nossa política de transportes”.
Ainda assim, tanto David Suzuki como Linda Coady concordam num ponto: a sustentabilidade ambiental dos Jogos Olímpicos deverá ser uma das prioridades das cidades que, no futuro, irão organizar este evento.
Sobretudo com um “planeamento, gestão de eventos, edifícios e novas abordagens à questão do carbono” verdes. “Gostaria que Vancouver inspirasse o mundo a envolver-se com as soluções ambientais”, concluiu, por sua vez o professor Suzuki. Mas será que está a fazer o suficiente, questionamos nós?