Terça-feira, 9 de Fevereiro de 2010
Muito interessantes as perguntas colocado pelo leitor Pedro M, nos nossos comentários, sobre o post de ontem que aborda a nova cidade eco-inteligente que vai nascer em Paredes, perto do Porto, em 2013.
Vamos dar-lhes um pouco mais de destaque e colocá-las aqui. Alguém arrisca responder?
"É muito positiva uma atitude proactiva em relação á sustentabilidade das cidades, mas esta iniciativa levanta inúmeras questões quanto à eficiência do que se está a propôr para este problema:
1. Soa melhor fazer "obra", mas qual é a sustentabilidade de construir uma cidade de raíz quando a área metropolitana do Porto tem milhares de edifícios devolutos ou vazios?
2. O aumento explosivo das populações urbanas é encarado como um facto acrítico e benévolo á partida? Este crescimento está previsto para a Europa ou Ásia?"
Antes de mais quero felicitar o Pedro pelas questões deveras interessantes que coloca e o LX Sustentável por lhes ter dado relevo.
Inverto a ordem apenas por pensar que faz mais sentido responder à segunda antes de à primeira:
2. Concordo que a aceitação acrítica do êxodo rural por este projecto é de facto desmotivante.
Penso que grande parte do problema está na continuada distinção entre ambientes urbanos e rurais.
Deveríamos sim tratar todo o território com um e estabelecer estratégias Urbanas, sim, mas tanto para a Cidade como para o Campo.
O direito à Urbanidade deve ser geral!
Qualquer aglomerado é passível de se tornar imediatamente Urbano se os serviços procurados nas Cidades passarem a ser não-exclusivos.
1. De facto poderá parecer um paradoxo criar Cidade por oposição a requalificar, no entanto, o que para mim é errado é desde logo o próprio modelo actual de Cidade, de massificação de densidade.
Se fossem requalificados esses edifícios e milhares de novas famílias com os seus automóveis fossem habitar no Porto, como se tornariam as dinâmicas sociais? Como se transformaria o tráfego motor? E quanto a empregos?
Não ficaria a cidade saturada? É possível cada vez centralizar mais, adensar mais, "encher" mais? Não transbordará?
Neste aspecto acredito mais em conceitos de cidades satélite.
Mas e os espaços a necessitar de requalificação?
Porque não devolver o espaço aos cidadãos? Estão em mau estado? Quanto custa a requalificação? Porque não antes usar essas zonas para criar novos espaços públicos e parques verdes?
Temos mesmo que continuamente "amontoar" nas cidades?
Assim o local periférico escolhido permite no mínimo descentralizar e relacionar fluxos criando dinâmica no território por oposição à estática das cidades e ao êxodo rural.
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